O que o dia Mundial da Saúde Mental e o Dia Nacional da luta contra a violência á mulher tem em comum? (Além de acontecerem na data 10 de outubro)
Uma pessoa que sofre violência, seja em casa, no trabalho, na rua, ou onde quer que ela esteja, é uma pessoa que vivencia uma situação traumática.
Além de traumática, situações de violência são estressantes por natureza. No caso das mulheres (e aqui eu falo como mulher) a violência pode ser cotidiana quando é vivida no ambiente doméstico ou no ambiente de trabalho.
Eu fico impressionada com a capacidade de resiliência (de resistir e continuar existindo) que as mulheres (e também todas as pessoas em situação de vulnerabilidade) têm ao continuar existindo mesmo com uma parte da autoestima, da autoconfiança e até mesmo da segurança física sendo esmagada eventualmente ou quase todos os dias.
Mas o fato de sermos fortes, não deveria calar o absurdo que é em pleno século 21 ser tão comum casos de violência contra ás mulheres.
Neste ano eu sofri assédio moral no trabalho e sofri assédio sexual durante um ultrassom das mamas. Nenhuma dessas duas coisas nunca tinha me acontecido.
Eu fiquei em choque, eu procurei ajuda jurídica e psiquiátrica e ainda assim os agressores saíram impunes.
Os assédios são formas de violência, formas inaceitáveis de comportamento, fruto do patriarcado e do machismo estrutural.
Eu sei que existem mulheres e pessoas em situação de vulnerabilidade que já passaram e passam todos os dias por situações muito piores do que as que eu vivi este ano, e isto é inaceitável, angustiante e frustrante também.
Não dá pra falar sobre a importância de cuidar da saúde mental como indivíduos, se como sociedade estamos doentes.
Posso estar exausta como ser humano de ver tanta impunidade. Mas mesmo exausta é necessário falar que a violência contra ás mulheres e contra pessoas vulneráveis é inaceitável.
Eu sei que é difícil falar sobre agressões, eu sei que a sensação de humilhação de vivenciar tal situação é sufocante, mas calar não é o melhor caminho. É preciso falar, é preciso articular, é preciso denunciar, é preciso lutar, é preciso unir forças.
É preciso parar de normalizar a violência contra as mulheres e contra as pessoas vulneráveis se quisermos levar a sério as questões relacionadas com a saúde mental.